café
A barista só tinha relacionamentos expressos. Não filtrava nada. Foi ficando amarga e fria. De grão em grão, reduziu-se a pó.
A barista só tinha relacionamentos expressos. Não filtrava nada. Foi ficando amarga e fria. De grão em grão, reduziu-se a pó.
A lavadeira nunca chutava o balde. Quando viu a mancha, virou um tanque de guerra. Torceu o pescoço e mandou tudo pro ralo. Sua honra estava lavada com sangue.
Pereira não quis fincar raízes. A situação era apenas um quebra-galho. Quando leu, a folha caiu. Tudo estava podre.
A quituteira não era uma mulher bem fornida. Faltava-lhe mais sal. Um dia, resolveu ser mais picante. Ficou queimada para sempre.
O pizzaiolo derreteu-se todo. Ela, muito grossa, desceu-lhe a lenha. Seus nervos fermentaram. Cortou-a em oito pedaços.
O montador de palavras cruzadas não sabia resolver nada na vida. Vários espaços estavam em branco. Quis tirar isso de letra. Não havia resposta no final.
A telefonista não ligava pra nada. Sua desculpa era ser muito ocupada. Quando precisou, não foi atendida.
Paulo estava esgotado. Nada era privado no banheiro público. Um dia mandou a paciência água abaixo. Nunca mais faria esse papel.
O operador de xerox era um homem autêntico e original. Um dia, quis ampliar os horizontes. Reduziu-se a uma mera cópia de tudo.
A cozinheira mantinha a relação em banho-maria. Quando descobriu, o sangue ferveu. Nunca mais punha a mão no fogo por ninguém.
O calígrafo escrevia convites comemorativos. Sempre errava as datas. Seu velório foi o único dia que ele acertou.