adubo
Teresa cuidava muito bem do jardim. As plantas sempre recebiam adubo da melhor qualidade. Não esperou que as folhas murchassem. Enterrou-se.
Teresa cuidava muito bem do jardim. As plantas sempre recebiam adubo da melhor qualidade. Não esperou que as folhas murchassem. Enterrou-se.
Paulo tinha um cano vazando. Choraram juntos. Tentou entrar dentro dele, mas a água foi mais forte.
Adalberto fazia seus próprios cabides. Nunca pendurou roupa de mulher. Despiu qualquer uma. Guardou a pele como lembrança.
O mendigo queria ter uma vida frugal. Ganhou um sabonete de limão. Espumou de ódio. Morreu pela boca.
Margarida fabricava guarda-chuvas. Quando precisou, usou as próprias costelas pra se proteger. Uma chuva de sangue a molhou.
Renato trabalhava de sol a sol consertando relógios. Suas horas vagas giravam no sentido anti-horário. Parou no tempo. Não souberam precisar a hora correta de sua morte.
Traía o marido com o leiteiro. Ficou grávida. Não sabia quem era o pai. Só tinha a certeza que o filho seria mamífero.
Jair era vidraceiro. Levava uma vida transparente. Um dia, não gostou do que viu. Usou a janela como guilhotina.
Geraldo vendia ovos. Resolveu nascer. Se fechou numa cápsula de cal. Não houve galinha grande o suficiente para chocá-lo.
Vitória Aparecida nasceu prematura e abaixo do peso, parto complicado. Icterícia, primeiros dias na incubadora. Na infância sofreu de bronquite. Muito jovem teve pressão alta. Um câncer extirpou-lhe o útero. Reumatismo. Perna amputada. Na velhice foi para um asilo. Teve a morte que sempre sonhou. Dormindo.